quarta-feira, 21 de julho de 2010

"Lua em transição"



Há algum tempo, não muito, foi chegada a hora de esvaziar as gavetas, encaixotar os livros, as lembranças, deixar o quarto cor de rosa... O quarto daquela menina lua, menina mulher, mulher lua. Houve o último olhar naquele quarto como sendo teu, sabendo que depois talvez não seja mais teu. Lembrou-se das estrelas sobre a cama, mas a Lua levou as estrelas consigo. Ter na consciência que não precisa mais esperar por aquele boa noite, por aquele beijo, agora era de verdade, tchau.

Tinha um quarto novo a tua espera. E quando se viu "tendo de viver, sozinho apenas e com o mundo" como disse Renato Russo, foi que se deu conta de que era pra valer. Era tão vazio, sem as gargalhadas, as broncas, sem a música do futebol no vídeo game.

Resta agora fazer uma nova história, sem nunca se esquecer da já vivida até aqui. Anseio por um novo tempo. Mas que saudade do sol que batia no quarto cor de rosa, Que saudade dos cheiros! Do cheirinho do arroz ao meio dia, do cheiro de limpeza daquele piso de madeira, do cheiro forte de terra quando chovia! Saudade das ruas de paralelepípedo que faziam os pés doer.

A vantagem do novo está nas boas surpresas, que compensam a memória e o coração ainda ressentido pela separação. As caras novas dos novos vizinhos, a caminhada pelo novo bairro. E as estrelas, essas acompanharão a Lua sempre.

Agora ela encontra-se de volta as suas origens, numa casa que já não é como era quando partiu, com vizinhos que já não são mais os mesmos. Seu quarto já não é mais cor de rosa. Mas, mesmo assim, consegue se sentir em casa e fica feliz em poder ouvir as gargalhadas e as broncas de novo. E sua alma se enche de nostalgia ao ouvir a música do futebol no vídeo game. Mas já está com as malas prontas pra partir outra vez. Cada vez mais levando menos lembranças boas. Cada vez mais levando menos amigos do lado esquerdo do peito. Levando cada vez mais saudade. Saudade de bons e velhos tempos que, não adianta tentar encenar, não volta mais.

E ela vai chegar ao seu novo quarto, onde não bate tanto sol quanto o que batia no antigo. Muito menos dá pra ver o pôr-do-sol de lá. Mas ela vai se sentir bem, lua adulta e agora com responsabilidades. Por mais que haja um vazio no seu peito, e no início uma tristeza, logo passa. Sorte a dela.

(Por mim mesma)
Beijo da Lua'


"Eu vejo o futuro repetir o passado, eu vejo um museu de grandes novidades... O tempo não pára!" (Cazuza)

"O Tempo"



A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são seis horas!
Quando se vê, já é sexta-feira!
Quando se vê, já é natal...
Quando se vê, já terminou o ano...
Quando se vê perdemos o amor da nossa vida.
Quando se vê passaram 50 anos!
Agora é tarde demais para ser reprovado...
Se me fosse dado um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente e iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas...
Seguraria o amor que está a minha frente e diria que eu o amo...
E tem mais: não deixe de fazer algo de que gosta devido à falta de tempo.
Não deixe de ter pessoas ao seu lado por puro medo de ser feliz.
A única falta que terá será a desse tempo que, infelizmente, nunca mais voltará.


Mário Quintana

segunda-feira, 19 de julho de 2010

"Paz, amor e caminhos abertos para o povo brasileiro."

O Baixista da banda de reggae "Ponto de Equilíbrio, Pedro Caetano ou Pedro "Pedrada" como era conhecido, foi preso no dia 1º de julho em sua casa em niterói, acusado por uma denúncia anônima de cultivar pés de maconha em seu quintal. A polícia encontrou 10 pés de maconha e 5 mudas. Pedrada não resistiu em nenhum momento a prisão. Foi levado até a delegacia de São Gonçalo para prestar depoimento e depois transferido para o Polinter de Grajaú, onde ficou em condições mais humanas. Pedro Caetano foi preso acusado de TRÁFICO DE DROGAS, grande ironia, não? Já que o que ele mais prezava era não contribuir com o tráfico. Ficou 14 dias preso, recebendo o apoio de amigos e fãs. Até que uma nova promotora mudou a acusação de tráfico apenas para posse de substância ilícita.




Em entrevista ao G1, Pedro se mostra totalmente sereno e calmo e encara o fato como uma lição de vida.

“Ainda há confusão sobre quem é usuário e quem é traficante. Não sou traficante. Plantava para o meu consumo, para não dar poder aos traficantes. O que aconteceu comigo não pode acontecer com mais ninguém”

“Não sei quem foi. Deve ter sido alguém da vizinhança, que se incomodou. Dava para ver a plantação do quintal, alguém pode ter visto do alto, não sei. ”

“Sigo a religião e a filosofia do rastafári. Não sou bandido. Sou um cara trabalhador, que tem a vida resolvida. Sustento minha família com meu trabalho”

“Passei 14 dias lá sem fumar e não sofri nada. Não sou viciado. Estou sem fumar até agora, sem problemas”

“Foi o momento mais difícil. Cheguei ali, tinha 18 presos na cela, um monte de gente, uma coisa suja, meio assustadora. Eu não sabia o que ia acontecer e tinha que esperar o jogo acabar para eles virem falar comigo” (Sobre ter que ter ficado esperando o jogo Brasil x Holanda acabar para prestar depoimento)

“Era uma questão de higiene. Tem muita gente ali, eles precisam manter o controle. Eu compreendi. Fiquei chateado, mas era uma coisa que precisava ser feita. Entendo o motivo” (Sobre ter tido seus dreadlocks raspados)

“Dei sorte. A cadeia tem divisões, como a sociedade. Tem as celas pro povão, onde tem 70 pessoas num espaço de 40 metros quadrados. Daí tem as celas pro povão ‘especial’, com menos gente. E as celas pra universitário e quem tem dinheiro, em que o cara fica sozinho. Eu fiquei na intermediária, eu e mais dois em uma cela de uns nove metros quadrados.” (sobre a cela que dividiu em Grajaú com mais dois presos)

“Não sofri violência nenhuma. Os policiais me trataram com muito respeito. Os presos também. A igreja evangélica faz um trabalho importante lá dentro, é muito presente, leva conforto e deixa a experiência toda menos dolorida”

“Estou vivendo um período de jejum. O jejum também faz parte da nossa filosofia. Agora vou dar um tempo e me concentrar no meu trabalho.”

“A cadeia é um aperto muito grande. Nasci de novo ao sair. Aprendi a dar mais valor para tudo, espiritualmente, materialmente. Agora agradeço por cada almoço que eu tenho e cada centavo que ganho. Só espero que ninguém mais tenha que passar pelo que eu passei.”
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É por essas e outras que o Brasil me desanima tanto e por isso que está como está. Não haverá evolução enquanto as coisas forem tratadas assim. O cara tá dentro da casa dele, cultivando algo pra consumo próprio que, no caso dele, é algo religioso, sem a intenção de lucro, justamente para não financiar o tráfico de drogas e a violência que tal gera, e a polícia tem o direito de entrar na casa dele, leva-lo preso o acusando de traficante. É claro que os policiais, nesse caso, não tem culpa nenhuma, estão cumprindo seu dever pra poder receber seu salário no fim do mês(salário esse que é, aliás, baixíssimo perto da função que exercem). Enquanto isso propagandas e mais propagandas pregando o consumo do alcool adentram a sua casa pela TV e outros meios, divinizando o consumo da droga que mais mata no mundo, FATO! E você usa! Seus pais usam! Seus filhos usam! O presidente usa! Você patrocina isso. E isso pode. Isso é legal! E pior ainda, isso é NORMAL. É, pois é. Sem contar que a polícia nesse caso não respeitou a religião do acusado, cortando seus dreadlocks que pra ele é algo de seu costume religioso, já que na constituição do nosso estado LAICO, diz que todos nós brasileiros, temos o DIREITO, de aderir a qualquer religião. AINDA BEM, que ele já tá solto! Pelo menos isso né?!
É sinceramente BROXANTE viver numa sociedade assim. O que tem que acontecer é uma mudança, não só da legislação e não só com relação a isso, mas também da consciência do povo brasileiro, de uma visão melhor das coisas.
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Termino aqui com a carta escrito por Pedro Pedrada, enquanto esteve preso:

Irmãos e irmãs de todo o Brasil...

Primeiramente agradeço pela atenção e interesse de todos e peço encarecidamente para que não deixemos essa chama se apagar...
Tudo começou há mais ou menos cinco anos atrás, quando tive meu primeiro pezinho. Na verdade, nunca escondi muito que plantava apesar de ter noção que poderia ser pego por isso. Pelo contrário, me orgulhava por não financiar o tráfico e ainda por cima desfrutar de uma erva com pureza e qualidade sem igual.
Infelizmente o pior aconteceu e fui "flagrado" com minhas plantinhas no meu quintal. Isto ocorreu por uma denúncia de alguém que se incomodou com meu costume e me dedurou para a polícia do 75º DP de Rio do Ouro, fato que me questiono, pois moro em Itaipu (região oceânica de Niterói), área do 81ºDP.
Desde o momento em que fui abordado percebi a finalidade da polícia e não ofereci nenhuma resistência, inclusive permitindo a entrada deles na minha residência. Afinal, quem não deve, não teme.
De lá fui encaminhado para o 75º DP, onde fiquei de molho num depósito cela com chão úmido e péssimo cheiro, com umas motos velhas entulhadas e outro preso para dividir uma cadeira e jornal no chão para deitar. Fiquei lá das 10h até 6h da tarde aguardando o desenrolar da situação.
Durante minha espera a imprensa foi acionada e junto com a perícia se encaminharam até a minha residência. Lá, infelizmente a imprensa invadiu minha propriedade sem permissão da minha esposa que lá estava. Enquanto eles posavam para fotos com as plantas e pareciam se divertir com a situação junto com o pessoal da perícia, minha esposa, para se preservar ficou no quarto chorando e pedindo para imprensa ir embora, sem sucesso.
De volta à delegacia já com meu advogado em ação fui autuado no artigo 33 como traficante. Ironia do destino, logo eu que me orgulhava de não colaborar com o tráfico, estava preso dessa maneira.
Da 75º fui para Polinter em Neves (São Gonçalo). Logo chegando lá fui obrigado a raspar o cabelo e a barba e encaminhar para o "xadrex 8", onde dividi uma cela de aproximadamente 40 m² com outros 70 presos. Mas graças a Deus e aos amigos não precisei passar a noite inteira ali, no "xadrez 8". E no meio da noite tive o privilégio de ir para uma cela mais humana.
No dia seguinte fui transferido para a Polinter do Grajaú, onde estou agora. Cheguei pouco antes do jogo do Brasil contra a Holanda. Logo que cheguei me botaram em um lugar chamado "porquinho": uma salinha fechada de aproximadamente 7 m², onde os presos aguardam para ser encaminhados para ir para as suas celas. Por azar do destino pouco antes do jogo, o "porquinho" ficou super lotado com 18 presos e tivemos que aguardar desconfortavelmente enquanto o jogo do Brasil rolava. Nunca vou esquecer disso, graças a Deus o jogo não foi à prorrogação.
Agora estou no "X-12" com outros dois presos. Posso dizer que estou em condições humanas perto do que vejo em outras celas aqui mesmo.
Por aqui a vida é nua e crua. É uma espécie de curso intensivo forçado de como viver a vida. Você vê claramente que só há uma coisa a fazer: se agarrar em Deus.
Aí fora sou conhecido no mundo da música como Pedro "Pedrada", baixista da Banda Ponto de Equilíbrio, bastante popular do segmento do reggae (ritmo de origem jamaicana com muitos apreciadores no Brasil). Como muitos, sou um rastafari. Rastafari para alguns é filosofia de vida, para outros é corte de cabelo, mas para mim e muitos irmãos e irmãs é uma religião e existe toda uma cultura em torno dos rastas.
Uma das características mais surpreendentes da cultura Rastafari é o uso da ganja (canabis sativa popularmente conhecida como "maconha"). Dentro de rituais religiosos onde se lê a Bíblia e outros textos sagrados, tocamos tambor no ritmo Nyahbinghi e entoamos hinos de louvor a Deus (Jah) e aos elementos da natureza. Até o Príncipe Charles já participou de um ritual Nyahbinghi, pode se assistir em vídeo postado no youtube.
Eu como rastafari sempre enxerguei a ganja como uma planta sagrada e buscava o uso de forma respeitosa de acordo com os preceitos da religião a que sigo. Sendo o Brasil um país laico me senti profundamente lesado com a atitude da polícia e da imprensa com a forma que fui tratado.
Outro elemento da minha religião são os dreadlocks, tipos de cabelos usados pelos rastas, o qual fui obrigado a cortar para entrar em Neves. Fato que também me lesou moral e espiritualmente.
Termino agradecendo mais uma vez a todos que se sensibilizam com a causa e conseguiram chegar aqui. Resta-me a utópica expectativa de um avanço na política legislativa para que outros não sofram o que eu e minha família sofremos e alerto, em ano de eleição, para um voto consciente.

Paz, amor e caminhos abertos para o povo brasileiro.

Pedro "Pedrada" Caetano.
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Fica a critério de cada um agora o que é certo ou errado na questão. Tirem suas próprias conclusões e deixem-as aqui se quiserem. Foda é neguim pagando de maluco e defendendo só pra pagar de "maconheirinho" quando nem sabe o que tá falando. Quero CONTEÚDO! Não APARÊNCIAS!

Beijo da Lua'

domingo, 18 de julho de 2010

We are all mad here!


"Mas eu não quero ficar entre gente maluca ", Alice observou.

'Oh, isso não se pode evitar aqui", disse o Gato. "Todos aqui são malucos. Eu sou maluco . Você é maluca."

"Como você sabe que eu sou maluca? ", disse Alice.

" Você deve ser ", disse o Gato. " ou você não teria vindo aqui ".

sexta-feira, 16 de julho de 2010

De Arnaldo Antunes

Cultura

O girino é o peixinho do sapo.

O silêncio é o começo do papo.

O bigode é a antena do gato.

O cavalo é o pasto do carrapato.

O cabrito é o cordeiro da cabra.

O pescoço é a barriga da cobra.

O leitão é um porquinho mais novo.

A galinha é um pouquinho do ovo.

O desejo é o começo do corpo.


Engordar é tarefa do porco.


A cegonha é a girafa do ganso.


O cachorro é um lobo mais manso.

O escuro é a metade da zebra.

As raízes são as veias da seiva.

O camelo é um cavalo sem sede.


Tartaruga por dentro é parede.

O potrinho é o bezerro da égua.

A batalha é o começo da trégua.

Papagaio é um dragão miniatura.

Bactéria num meio é cultura.
 
(Arnaldo Antunes)
O Globo: 26/07/2009

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Starting

Os dias agora são todos basicamente iguais. Mato a saudade de uns, aumenta a saudade de outros, não faço nada, crio um blog. Opa! Crio um blog? Siiim! Até que enfim! Eu, no auge do meu ócio criativo, consegui passar por cima dessa onda de preguiça que esse frio traz, e criei isso aqui. Com essa minha vida de inutilidades virtuais, passei da hora de ter um blog. MAS PRA QUE UM BLOG? É, era isso que eu tinha na minha cabeça. Bom, até agora essa questão não está muito resolvida aqui dentro da minha cabeçona de vento, mas pelo menos a iniciativa eu tomei. E estou aqui. Postando besteiras até essa linha.
Pois bem. Espero, se a preguiça não esmagar minha criatividade, ter sempre coisas interessantes, no mínimo legaizinhas, para postar aqui. Serão coisas do  meu interesse, curiosidades sobre tais, e se quiserem dar idéias, estejam a vontade. Não sou muito boa com o carisma, mas tentarei ser o mais simpática possível!
Acreditem, estou escrevendo isso aqui agora, e dando muita risada. Acho que por não ter idéia do que postar depois disso, já que passei a noite pensando nesse primeiro post, não sei se será mais fácil, ou mais difícil o segundo. Não tenho a mínima idéia também de quem prestigiará (palavra bonita, não?) meu blogzinho, mas espero, não sei porque também, que tenham pessoas que entrem aqui (né mãe?) :( . 
Bom, até que achei divertido ter escrito alguma coisa aqui assim, mesmo não tendo falado nada com nada e nem sabendo quem vai ler, quem não vai, ou até mesmo se tem alguem que vá ler.
Queria muito ver as reações de quem ler, muito, sério!
Não quero falar mais nada. Tchau!